Ansiedade e suas compensações - Parte 4

Existe a ansiedade que pode nos estimular a entrar em ação, porém, pode fazer exatamente o contrário, nos paralisar. Muitos sintomas de ansiedade parecem se tornar tão inerentes a nossa vida que muitas vezes parecem ser mais fortes do que nós, como se fossem fortalezas edificadas contra um novo nível de conhecimento de Deus e imersão no padrão de vida e pensamento de Cristo. Estamos falando de estruturas emocionais que se adquirem como consequência de vivências interpessoais durante toda nossa vida.
É comum reconhecemos algumas sensações corporais desagradáveis causadas pela ansiedade, como vazio emocional, coração batendo rápido, aperto no peito, falta de apetite, distúrbio do sono, agitação, pressão alta, dores musculares e sentimento de angustia, definido como inquietude que oprime o coração, sensação de "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento, dor, perda de autoestima, medo de errar sem mesmo tentar, timidez e receio da opinião das pessoas, preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho, tensão e dificuldade em relaxar, sensação pessimista sempre fatalista, falta de controle sobre os próprios pensamentos desencadeando incapacidade de desenvolver potencial intelectual.

Mediante esse quadro de desequilíbrio e instabilidade é comum desenvolvermos mecanismos de compensação que ao contrário do que pensamos, pode piorar a situação afetando ainda mais a nossa saúde. Esses Mecanismos de compensação procuram compensar no sentido de equilibrar um efeito com outro; neutralizar a perda com o ganho, o mal com o bem. Procuramos pelo alívio desses mecanismos de compensação, de prazer em meio a tristeza, de sacies em meio ao descontentamento na forma como comemos, bebemos, buscamos por entretenimento e todas as outras coisas.

Já comentamos algo sobre as palavras de Jesus em Mateus 6:25 : “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes”? A ansiedade aqui está diretamente ligada ao comer, beber, vestir e ao nosso corpo, por isso, quero chamar sua atenção para a instrumentalidade dessas coisas na dinâmica dos mecanismos de compensação dos sentimentos negativos presentes em toda crise de ansiedade. Vamos tentar olhar a partir desse texto por uma perspectiva bem prática e cotidiana.

Vamos começar observando a relação da ansiedade com o comer. A revista Super interessante Edição 311/ Novembro de 2012 traz um artigo sobre a “Dieta da Ciência” e coopera com essa relação de Ansiedade e mecanismos de compensação, justamente por explicar como “A sensação agradável provocada pela comida estimula o centro de recompensa do cérebro, em um processo parecido com o do vício e da excitação sexual”[i]. Cientificamente nossa mente desenvolveu uma espécie de método de sobrevivência para fazer essa alimentação virar estoque de gordura e energia. Mas como? Recompensando com doses cavalares de prazer por meio de dopamina. Segundo o artigo, estudos realizados nos EUA comprovam por meio de experiências que essa dopamina pode ser viciante, desenvolvendo uma compulsão pela comida em busca da mesma carga de prazer recebida no inicio. “Vive-se pela próxima dose de dopamina. É exatamente o que acontece com os usuários de crack.”

Segundo Richard Foster no livro celebração da disciplina: “Nós soterramos o que está dentro de nós com comida e outras coisas”. John Piper no livro Fome por Deus afirma que: “Psicologicamente, esse tipo de coisa é falado bastante hoje em dia, especialmente em relação a pessoas que têm muito sofrimento em sua vida. Nós diríamos que elas medicam suas dores com comida. Mas isso não é uma síndrome técnica rara. Todos nós fazemos isso. Todo mundo. Sem exceções. Nós todos aliviamos nosso desconforto usando comida e cobrindo a nossa infelicidade fixando nossos olhos na hora do jantar. Razão pela qual o jejum desnuda tudo em nós, nossa dor, nosso orgulho, nossa raiva”.

Nos momentos de ansiedade e nervosismo podemos comer compulsivamente mesmo quando não necessário. Essa falta de controle sobre os hábitos alimentares pode trazer problemas como o aumento do colesterol, hipertensão arterial, diabetes, além de sentimentos de culpa e vergonha. Pessoas relatam que a raiva, tristeza, tédio e outros sentimentos podem desencadear essa compulsão ansiosa. Quanto maior as dificuldades, mais se usa a comida como ponto de fuga, o alivio é momentâneo e as dificuldades aumentam, trilhando-se um caminho perigoso e, às vezes, sem volta. Exageram quando comem, engordam, se engordam, ficam incomodadas e se tornam mais ansiosas por não estarem satisfeitas com sua forma física e comem mais para diminuir a ansiedade. Essa fome emocional afeta a autoconfiança e a autoestima e se torna um ciclo vicioso doentio.

A ansiedade incrédula gera uma disposição altiva, independente e egoísta, flertando com uma relação narcisista e hedonista, onde a busca pelo prazer acaba servindo de anestésico para todos esses sentimentos e sensações causados pela ansiedade. O hedonismo surgiu na Grécia afirmando ser o prazer o supremo bem da vida e baseiam a sua existência na busca pelo prazer e na supressão da dor. Essa busca abre diante de nós um leque de interesses: notícias, moda, esportes, amigos, conhecimento em geral, passeios, carros, novidades tecnológicas, compras, artes, filmes e todo tipo de entretenimento, comida, sexo, enfim, cada pessoa nutre seus interesses pessoais por coisas que lhe dão prazer. O problema da nossa sociedade hedonista é que o prazer virou um produto a venda, a vida e as relações dos homens entre si giram em torno do consumo. O hedonismo promove o consumismo materialista.

Essa tendência neurótica de consumo caracterizada pela insaciabilidade tem a ver com o impulso de desejos emocionais, onde as novas oportunidades são tão relevantes quanto as reais necessidades, as novidades parecem tão urgentes que nos esquecemos dos valores anteriormente importantes. O prazer é oferecido através da estimulação emocional e o consumo se torna uma incansável procura pelo prazer imaginativo associado a um produto. Essa dinâmica que supervaloriza objetos desenvolve uma cultura de futilidades onde se deseja descontroladamente coisas, como se dependêssemos delas, e acabamos simplesmente acumulando cada vez mais e rapidamente acabam valendo cada vez menos, levando-nos a consumir novamente.

Diante de um homem inquieto com os seus bens, Jesus afirma: “Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundancia das coisas que possui” (Lucas 12:15). O problema não está nos bens adquiridos, em comprar roupas e sapatos, mas sim no coração, na cobiça motivadora, na vontade de possuir para si próprio tudo o que admira, desencadeando alienação ambiciosa e obsessiva. O problema não está em possuirmos coisas, mas sim em sermos possuídos por nossas coisas, em vivermos em função delas, sermos medidos por elas. O mal da cobiça está no desejar para si, adquirir e guardar sempre para si. Ainda em Lucas 12 Jesus fala daquele “que guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus”. Não podemos medir ninguém por aquilo que possui, mas o que nos leva a ter coisas pode revelar nosso coração. O grande desafio está em rompermos essa mentalidade egoísta e acumulativa para desenvolvermos uma mentalidade servidora, guardando nosso coração nos ensinos de Cristo, vivendo em moderação, contentamento, generosidade e amor fraterno.

O texto de 1 João 2:15 pode nos ajudar a administrar essa crise, porque fala de não amar ao mundo, no sentido da mentalidade humanista e antropocêntrica influenciada pelo espírito que atua nos filhos da desobediência, uma sociedade ativamente hostil a Deus e organizada fora dos valores do seu Governo. Estamos falando de “Um mundo de pessoas arrogantes e autossuficientes que buscam uma existência separada de Deus e contrária a Ele”[1]. O que há no mundo está relacionado com o espírito coletivo que o movimenta: Desejo da carne, dos olhos e soberba da vida. O amar ao mundo tem a ver com forma como reagimos intimamente diante daquilo que contemplamos diante de nós, tem a ver com como nos sentimos, completos ou vazios, interiormente pacificados ou emocionalmente agitados, contentes ou necessitados. O que move o mundo é desejo, mas o problema não tem a ver com aquilo que desejamos, mas com o fato de desejarmos demais.

É perigoso quando uma cultura transforma aquilo que podemos desejar em exigências para realização pessoal, estabelecendo padrões e paradigmas superficiais e ilusórios, ocupando a vida das pessoas com preocupações desnecessárias, gerando um sentimento intenso de necessidade, uma obsessão projetada por uma imagem fora da realidade, ansiedade por aquilo que aparentemente precisamos ter ao invés do que contentamento por aquilo que somos e nos tornamos. Por mais hostil que seja nosso discurso a esse tipo de mentalidade, sutilmente continuamos procurando notoriedade, atribuindo valor naquilo que conquistamos, fazemos, construímos ou proezas que realizamos.

Precisamos entender que comer, beber, vestir, sexo, prazer, grandeza, poder, recursos, entretenimento, riquezas são dádivas de Deus, criou todas essas coisas para nós, mas não nos criou para essas coisas. Não amar o mundo pode significar não viver em função dessas coisas, porque essas coisas não tem um fim em si mesmas, se elas se tornam um fim em si mesmas a vida perde sua finalidade, movendo-nos no mesmo lugar durante anos nesses ciclos vazios de futilidade. Devemos amar ao Pai ao ponto de nos sentirmos completos Nele, porque apenas quem não conhece o Pai se torna ansioso procurando compensação da sua dor nessas coisas. A medida que conhecemos o Pai e experimentamos seu amor, podemos amar o mundo como Ele amou, prontos para oferecer algo e não apenas amar no sentido de desejar o que ele oferece. Creio que os Filhos do Reino um dia ensinarão a sociedade como se divertir, dançar, comer, beber, tudo isso a partir do seu contentamento em Deus, e não para compensar seu sofrimento e vazio interior.

Desde o inicio dessa jornada pensando sobre Ansiedade, temos sido atraídos para um lugar secreto e intimo com o Pai. Um exercício prático seria pensar e agir a partir desse lugar, dessa realidade. Vamos precisar de luz sobre os sentimentos que norteiam nossa busca. Quando nos sentimos sozinhos, carentes, angustiados, tristes, ansiosos, geralmente pensamos em uma compensação, um cinema e entretenimento, abrir a geladeira compulsivamente, pornografia, sair para olhar vitrines, compras. Quero te encorajar a procurar pelo lugar secreto em que somos recompensados por riquezas espirituais. Quero te encorajar a encarar de frente o que realmente o que sai do seu coração quando deixa de usar os mecanismos de compensação. Comece a investir em uma estrutura de espiritualidade que possibilite uma vida plena e livre.

Por mais elementar que isso possa parecer, o que mais precisamos nesses dias é voltar a ter prazer em Deus, encontrar vida nele ao invés de em todas as outras coisas. Prazer nele, prazer e contentamento na vida, independente das circuntancias. Vale a pena citar Salmo 1 mais uma vez: "Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido".

Todos nós estamos numa busca, precisamos apenas definir o que, para que e para quem estamos buscando. Desejo buscar os valores do Governo de Deus dentro de mim antes de tudo para que a partir disso todas essas coisas sejam acrescentadas possibilitando viver as dadivas de Deus sem comprometer a devoção, o amor e a pureza. O problema da pseudoliberdade do evangelho experimentado foras dos limites institucionais é que se acredita na possibilidade da viver todas essas coisas sem a estrutura desse governo de Deus antes de tudo. Podemos estar diante do perigo de viver uma liberdade baseada na autoconfiança, autocontrole e auto justificação, seria como uma ideia absurda de auto santificação. A liberdade sem essa estrutura e construção interior fará com que muitos se sintam sobrecarregados pelos desequilíbrios do homem natural e não consigam mais permanecer em pé naquilo que declaram.

A liberdade sem cura da alma, sem identidade de filiação, finalidade vocacional, humildade, sujeição, sem verdade, sem uma construção firme do Espirito de Deus dentro de nós pode se tornar um caminho de morte. Precisamos entender que não temos estrutura para a liberdade sem sujeição ao Espírito (andar no Espírito) e a presença dos irmãos em nossa jornada (Servos uns dos outros pelo amor). Gálatas 5:13 “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor”.

Jesus em Lucas 21:33 traz uma das exortações mais pontuais do Novo Testamento: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra. Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem”[ii].

Após essa abordagem prática de ansiedade e os mecanismos de compensação, estamos diante do primeiro grande desafio: “Acautelai-vos por vós mesmos”. Cuidado com você mesmo, cuidado com o seu próprio coração, cuidado para não se pegar buscando em todas essas coisas da vida uma compensação aos seus sofrimentos, dores, medos, carências, traumas e principalmente seus sentimentos evangelicamente reprimidos. Um dos conselhos de Paulo a seu discípulo Timóteo é foge das paixões, cuidado com você mesmo. Guarde as fontes da vida, seu coração definirá seu tesouro. Cuidado para não ficar sobrecarregado com as consequências de suas escolhas, cuidado com os exageros, cuidado com a falta de limites, cuidado porque sua liberdade irá revelar sua verdade, sua verdade poder uma só: “Você é uma mentira”. Cuidado para não ficar sobrecarregado com as consequências do envolvimento desequilibrado com o prazer. Esse envolvimento nos desvia, nos desestabiliza, nos prende e nos impede de permanecer em Pé e inculpável na presença do Filho do Homem. Isso não tem a ver com medir pessoas por suas práticas exteriores, tem a ver com permanecer em pé na presença do Filho do Homem.

Quanto mais me relaciono com pessoas e observo o serviço da Andrea Bomfim como psicóloga, mais claro fica o quanto precisamos de saúde mental, emocional e espiritual. Da salvação presente que tem a ver com cura e vida plena. Essa espiritualidade vivificante, saúde integral e resolução pessoal possibilitará que encontremos equilíbrio entre o puritanismo legalista castrador, que tem aparência de sabedoria mas não tem poder contra a sensualidade (Cl 2:23) e o liberalismo relativista, que pensa liberdade a partir de si mesmo e não a partir da responsabilidade de responder por aquilo que lhe foi confiado. Essa tensão deve nos impulsionar além do pode ou não pode, toque ou não toque.

Precisamos encontrar o equilíbrio entre o permitido e o que contribui com o processo da formação de Cristo em nós (1 Co 10:23). Tão importante quanto ações são intensões. Mateus 15:11 diz: O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’; mas o que sai de sua boca, isto o torna impuro". Tão importante quanto aquilo que fazemos, é a forma como reagimos, isso revela nosso coração. Um erro muito comum quando se trata dessa crise entre o que é cultural e o que é escritural, é julgarmos e medirmos pessoas pelo nosso coração. Um exemplo disso é o filho mais velho da história do filho pródigo, que julgou a ação do seu irmão mais novo segundo a maldade, malícia e os desejos ocultos do seu próprio coração, reprimido e mascarado pelo cumprimento de regras sem realização e prazer na sua herança. Cuidemos do nosso coração. 

Fazio Souza em um dos seus artigos afirma que “temos sido conduzidos para uma obra nos nossos corações. Creio que estamos nessa etapa, em que temos conhecido os nossos corações, e tem sido difícil lidar com ele e sincronizá-lo com a mudança que temos tido em nossas mentes em relação a uma liberdade que tem sido promovida pela busca do conhecimento da verdade. Verdade que não está baseada em ideias e conceitos, mas em uma pessoa , o Filho de Deus. É a vida em Cristo (O Ungido) sendo desenvolvida em nós, a Torah cumprida. Davi orou isso no Salmo 51.10-13: Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Esse criar tem a ver com uma obra totalmente nova a partir do seu poder. Davi pede pra Deus formar um novo intelecto, forma de pensar; sentimentos, percepção e vontade[iii]”.

A verdade mais importante nesse momento é que muitos de nós recebemos uma palavra nos últimos dez anos e precisamos nos posicionar para que não venhamos nos perder em nós mesmos e perder essa semente que foi semeada na nossa vida (Mateus 13 Semente = Evangelho do Reino). Não venhamos deixar que a ansiedade e todos esses mecanismos de compensação que movimentavam a sociedade hedonista dos nossos dias nos afetem, nos distraiam, sufoquem a palavra que foi semeada dentro de nós (Lucas 8:14 “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer”). Minha oração é para que em meio a esse quadro de desequilíbrio de homens construindo monumentos e cidades de pedras mortas para si, possamos cultivar um jardim de vida em Deus. Que a palavra do Reino possa ser encarnada por todos aqueles que serão plantados no mundo como Filhos do Reino para cumprir o desígnio de dar frutos que permanecem, nisso nosso Deus e Pai será glorificado (João 15). Meu desejo que é todos possam permanecer em pé na presença do Filho do Homem.


[1] C.J. Mahaney – Artigo: Este versículo está na sua Bíblia?

[i] Neurologista e neurocirurgião Jorge Pagura.

[ii] Sociedade Bíblica do Brasil. (1999; 2005). Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada (Lk 21:33–36). Sociedade Bíblica do Brasil.




Faternalmente em Cristo

Anderson Bomfim













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