Ansiedade e a incredulidade - Parte 2

A insegurança que causa ansiedade pode desenvolver mecanismos instintivos que buscam incansavelmente por estabilidade, controle e segurança, tornando-se um sentimento perturbador de subsistência e sobrevivência natural, resultante da ausência de relação interior com o Pai Eterno. Esse sentimento torna-se nocivo porque infecciona a capacidade de confiar e esperar em Deus, condiciona-nos a confiar em nós mesmos, no recurso que temos ou naquele que gostaríamos de ter, nos contatos que temos ou procuramos ter, em qualquer outro suporte que momentaneamente acaba suprindo ou sutilmente assumindo a imagem de outro deus.

A ansiedade pode se tornar uma plataforma de incredulidade. Por isso, quando estamos ansiosos a ideia de aquietar-se nos ofende, parece uma afronta ao bom censo, porém, biblicamente é necessário aquietar-se para conhecer e ver Deus agindo acima das circunstancias (Êxodo 14.13/ Salmo 46.10 “Aquietai-vos e conheçam que Eu Sou Deus...”). A ansiedade nos deixa tão agitados que não conseguimos aceitar a possibilidade de parar, agitações mentais que na maioria das vezes são por situações que ainda nem aconteceram, podendo-se tornar perturbador e alienante ao ponto de nos afastar de Deus, da família, dos amigos, fazendo-nos sentir mais frustrados, deprimidos, angustiados, culpados e mais ansiosos. Na maioria das vezes esse ciclo nos rouba uma visão mais clara dos fatos e a possiblidade de encontrar uma saída que pode estar bem na nossa frente. Esse nível de ansiedade pode ser considerada um mal que tem nos abatido.

Essa ansiedade não nos permite ver as situações se desenrolarem, nos torna pessimistas, senhores do tempo que sempre se precipitam no abismo das crises. Meu desejo que é você seja encorajado a cruzar pontes, experimentar novas possibilidades em Deus, visualizar algo acima das circunstancias. Vamos lá! Temos uma longa jornada pela frente, é melhor encarar nossos desafios de frente do que ficarmos paralisados sofrendo por antecipação, imaginando situações, especulando problemas. Tudo isso parece um sofrimento desnecessário, é como se deixássemos ser roubados em plena luz do dia. É algo que exige de nós uma reação.

Jesus a muito tempo atrás já fez uma a pergunta que mais nos encomoda: “Qual de nós que por mais ansioso que esteja acrescentar uma única hora a própria vida?” (Mateus 6.24-34 – “Nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso”. NTLH). A ansiedade nos deixa preocupados, uma ocupação precoce com coisas que na maioria das vezes estão além do nosso alcance e da nossa capacidade de realização e resolução. Essa intenção altiva de agir inutilmente por conta própria prova nossa falta de confiança em Deus e denuncia a fragilidade das nossas convicções.

Mateus 6:25 diz: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

Não estamos falando de ostentação, de desejos ambiciosos, estamos falando de uma causa justa, de uma ansiedade por elementos vitais, por comer, beber, morar, pagar contas comuns a todos. Mas Jesus fala que não devemos ficar ansiosos, com mente dividida por estas coisas que nos parecem justas por serem essenciais. Nesse momento de conflito é como se ele dissesse: “Pare e fique por algum tempo olhando para as aves voando no céu”. As vezes precisamos ser parados em uma linha de raciocínio para poder encontrar outra. Ao contrário do nosso instinto ativista, a primeira coisa que precisamos fazer, é parar. Não vejo isso como um “parar estático”, passivo ou irresponsável, mas um “parar dinâmico” onde os que “esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaias 40:31). Trata-se de uma parada estratégica, que nos faz ir além das nossas possibilidades. Muitas vezes momentos que me pareceram de retrocesso, foram determinantes para me impulsionar a um tempo de avanço e progresso em todas as áreas da vida.

Outro detalhe importante messe texto de Mateus 6:25 é que ao contrário da nossa expectativa, Ele não começa dando respostas, mas fazendo uma série de questionamentos a respeito da relevância das nossas inquietações. São questionamentos irritantemente verdadeiros. Somos encorajamos a parar e ponderar, refletir, reconsiderar para perceber uma das verdades mais assustadores e surpreendentes da vida. Nosso Deus que é nosso Pai, Sabe. Isso mesmo! Ele sabe. Ele sabe de todas as coisas que nós precisamos. Somente aqueles que não o conhecem procuram ansiosamente por estas coisas, somente aqueles que não sabem que Ele sabe. Essa verdade confronta nossa confiança. Traz luz ao que parece ser umas das raízes mais profundas na nossa ansiedade; o medo da morte.

Hebreus 2:15 diz: “ Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”. Quem tem o medo da morte? Aquele que não conhece a ressureição e a vida. Esse pavor morte é escravizante, faz com que pessoas trabalhem por toda a sua vida movidas pelo medo, medo de não ter o que comer, de não ter onde morar, de adoecer e não ter médico. Esse medo move toda a sociedade, o medo de morrer. Não se trata de viver uma vida, mas de uma sobrevivência que muitas vezes se torna sem sentido e vazia. Quem não conhece o Pai, procura ansiosamente viver todos os dias para salvar a sua própria vida.

Ansiedade é um medo que atua pela incredulidade e nos desvia do alvo a ser visualizado e alcançado pela fé. Hebreus 4:15 diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade”. Mais uma vez estamos diante de questionamentos que provocam a reflexão e a considerar nosso passado. Primeiramente o autor afirma que aqueles homens pecaram ao ponto de morrerem no deserto, depois afirma que eles não entraram na promessa por causa da sua incredulidade. Conclui- se que o pecado daquela geração que teve medo de avançar por achar que seriam mortos, foi a ansiedade. Esse endurecimento mortífero, teimosia cega e incredulidade do coração nos encoraja a chamar ansiedade de pecado e não apenas de fraqueza pessoal, justamente por nos impedir de alcançar o alvo.

Esse nível de ansiedade pode nos matar no meio do caminho, essa ansiedade transfere confiança e estabelece senhorio, que representa aquele a quem pertencemos e tem poder de influência sobre nossas decisões. O problema é que essa relação de submissão é excludente e determina apenas um senhorio, uma relação extrema de devoção e desprezo, não tem como amar dois senhores, o amar um será aborrecer outro. Paulo em Romanos 6.16 resumidamente afirma que a quem nos entregamos pela obediência, pertencemos. A ansiedade é perigosa porque significa dividir, mente dividida, e estar dividido é algo muito sério porque não existe um meio termo. O que precisamos hoje é justamente de uma definição, precisamos decidir em quem confiamos, quem influência nossas decisões.

Outro fato perturbador é que o texto citado logo acima sobre ansiedade (Mateus 6:24) começa dizendo: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”. Algo que pode nos deixar ansiosos é o dinheiro, Jesus afirma que o dinheiro (“mamon” palavra aramaica para "confiança nas riquezas") pode tornar-se um senhor, se opondo a confiança em Deus. A palavra Mamon relacionada a riquezas só aparece duas vezes, Lucas 16.9 e 11 para riqueza associada a uma mentalidade de iniquidade. Nos demais textos “riquezas” vai aparecer como “ploutos ou chrema”. O que isso pode significar? Que Mamom representa uma influência espiritual desta era que manipula, domina e prende pessoas pela confiança a falsa estabilidade das riquezas, simulando a função do Espírito de Deus, proporcionando consolo, direção, paz e alegria. Ansiedade pode se tornar um medo escravizante e nos fazer retroceder em toda verdade.

A ansiedade promove um coração de dois senhores, coração inconstante e vacilante entre dois extremos. Tiago 1.6 diz: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera(ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos.); e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos”. Tiago fala de pedir duvidando, estar em divergência consigo mesmo, uma hesitação e dúvida comparada com as ondas do mar, levadas pelo vento de um lado para o outro, pessoas vacilantes, incertas e de interesse dividido, sem capacidade de confiar, confusas e inconstantes em “todos os seus caminhos”, isso é muito ruim e muito real.

A ansiedade pode ser medida pelo nosso estilo de vida, por isso, Jesus procura levar seus discípulos a refletir sobre os seus valores, pensar sobre o que vale mais, levando-os a concluir que a vida é mais que alimento e o corpo mais que vestes, eles deveriam repensar tudo. Isso para muitos de nós hoje, chamados de cristãos, pode parecer uma loucura ou irresponsabilidade. Mas pensar sobre essas coisas pode ser uma chave superar a ansiedade incrédula e nos dar acesso a uma realidade de riqueza e vida ainda não experimentados.

Lembre-se sempre disso: “Vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Antes de qualquer situação urgente, façamos o que é importante; buscar os valores do Reino de Deus (Buscar no sentido de procurar pela meditação e a renovação do pensamento), render-se ao governo soberano do Deus que “sabe” de tudo. Jesus está falando de uma construção, de acrescentar. Visualize essa palavra a partir de uma ideia de fundamento, em que tudo o que precisamos vai ser acrescentado em nós a partir Dele, a partir do seu governo sobre todas as áreas da vida, conectando-nos a uma realidade diferenciada. Estamos sendo atraídos a isso. Devemos parar de culpar o diabo por todos os nossos problemas para perceber que nosso Pai está nos atraído a Ele, provocando uma busca, possibilitando experimentar sua boa, perfeita e agradável vontade, esse pode ser o grande sinal e testemunho do seu Reino presente. Uma antecipação daquilo que está por vir em toda sua plenitude.

Paulo em Romanos 12.1-3, fala de não se conformar com mentalidade que move esta era, mas de sujeitar-se ao processo contínuo de transformação pessoal pela qual a mente é renovada, trata-se de diariamente permitir que Deus torne algo novo em mim, de acordo com o padrão eterno de vida e pensamento. A partir dessa mudança temos condições de experimentar, de provar algo genuíno, útil, aceitável, que nos complete, essa é a vontade de Deus. Uma realidade que é alcançada a partir da sua Graça e conforme a medida de fé que Ele nos proporciona.

Paulo em 2 Tessalonicenses 1.3 louva a igreja dizendo “a vossa fé tem crescido muito”, mas na primeira carta 1 Tessalonicenses 1.5 fala da forma como esse evangelho chegou em poder até eles, com Espírito Santo e com absoluta convicção. Receberam com alegria a palavra que vem do Espírito Santo mesmo em meio à tribulação. Abençoo para que em dias de difíceis você possa receber a palavra que vem pelo Espírito, tudo o que você precisa agora é andar sobre uma palavra.

Sem fé é impossível agradar a Deus, porque quem se aproxima dele deve confiar em quem Ele É e no fato Dele abençoar todos os que o procuram (Hebreus 11.6). Se a ansiedade atua pela incredulidade devemos desenvolver a fé, que é a convicção da minha esperança, a prova de uma visão espiritual, firme fundamento pelo qual regulamos nossos passos. Hebreus 11:3 diz: “ Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”. Se o que vemos veio a existência a partir do que não vemos, concluímos que não nos movemos por aquilo que vemos, porque isso é passageiro, mas nos movemos pelo que não vemos, porque isso é espiritual e eterno. O que não vemos pode mover tudo o que estamos vendo agora, é a partir dessa realidade que devemos caminhar. Encorajo você a entrar nas possiblidades de Deus, porque para Deus nada é impossível e tudo é possível para aquele que crê.

Hebreus 5.7 afirma que Jesus foi ouvido por causa da sua reverente submissão. Superaremos a ansiedade incrédula quando entendermos a importância de ouvir o que o Espírito está dizendo, a conclusão para as sete igrejas em apocalipse foi a mesma: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”. O motivo da maioria dos problemas foi por terem feito coisas por conta própria. Pensemos nisso: Às vezes precisamos de mais fé paramos por um tempo, aquietarmos nosso coração, imergir em Deus do que continuarmos fazendo mais uma coisa igual ao que todo mundo está fazendo. O que vamos fazer por todos os dias da nossa vida? Começar a desenvolver ou simplesmente reproduzir, adotar coisas prontas ou gerar intimamente, edificar no prumo de Deus ou copiar a partir do compasso humano? Estamos sendo desafiados a andar sobre uma palavra que exija de nós fé para não corremos o risco de oscilar entre nosso anseio pelo Reino e a ansiedade essencialmente incrédula e altiva.

Fraternalmente em Cristo,

Anderson Bomfim
andersonbomfim@hotmail.com








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